A raça dos Heróis

4ª – Raça Heróis

Era dos Heróis

Era dos Heróis

Mas depois também a esta raça a terra cobriu, de novo ainda outra, quarta, sobre fecunda terra Zeus fez mais justa e corajosa, raça divina de homens heróis e são chamados semideuses, geração anterior à nossa na terra sem fim. A estes a guerra má e o grito temível da tribo a uns, na terra Cadméia, sob Tebas de Sete Portas, fizeram perecer pelos rebanhos de Édipo combatendo, e a outros, embarcados para além do grande mar abissal a Tróia levaram por causa de Helena de belos cabelos, ali certamente remate de morte os envolveu todos e longe dos humanos dando-lhes sustento e morada Zeus Pai nos confins da terra os confinou. E são eles que habitam de coração tranqüilo a Ilha dos Bem Aventurados, junto ao Oceano profundo, heróis afortunados, a quem doce fruto traz três vezes ao ano a terra nutre.

A quarta era é a dos heróis, criados por Zeus, uma “raça mais justa e mais brava, raça divina dos heróis, que se denominam semideuses”.

 Lendo-se, com atenção o que diz Hesíodo acerca dos heróis, nota-se logo que os mesmos formam dois escalões: os que, como os homens da era de bronze, se deixaram embriagar pela violência e pelo desprezo pelos deuses e os que, como guerreiros justos, reconhecendo seus limites, aceitaram submeter-se à ordem superior.

O primeiro escalão, após a morte, são como os da Era de Bronze, lançados no Hades, onde se tornam mortos anônimos; o segundo, recebem como prêmio, a Ilha dos Bem Aventurados, onde viverão para sempre como deuses imortais.

Os heróis

Todas as culturas primitivas e modernas tiveram e têm seus heróis, mas foi particularmente na Hélade, que a estrutura e as funções do herói ficaram bem definidos.  E, apenas na Grécia os heróis desfrutaram um prestígio religioso considerável, alimentaram a imaginação e a reflexão, suscitaram a criatividade literária e artística.

Via de regra, os heróis têm um nascimento complicado, como Perseu, Teseu, Hercules, e descendem de um deus com uma simples mortal.

De qualquer forma, exatamente por ser um herói, a criança já vem ao mundo com duas virtudes inerentes à sua condição e natureza: a honorabilidade pessoal e a excelencia, a superioridade em relação aos outros mortais, o que o predispõe a gestos gloriosos, desde a mais tenra infância ou tão logo atinja a puberdade.

Dado importante, para que o herói inicie seu itinerário de conquistas e vitórias, é a educação que o mesmo recebe, o que significa que o futuro benfeitor da humanidade vai desprender-se das garras paternas e ausentar-se do lar, por um período mais ou menos longo, em busca de sua formação iniciática.

A partida, a educação e, posteriormente, o regresso representam, o percurso comum da aventura mitológica do herói, sintetizada na fórmula dos ritos de iniciação separação-iniciação-retorno, partes integrantes e inseparáveis de um mesmo e único mito.

Separando-se dos seus e, após longos rios iniciáticos, o herói inicia suas aventuras, a partir de proezas comuns num mundo de todos os dias, até chegar a uma região de pródígios sobrenaturais, onde se defronta com forças fabulosas e acaba por conseguir um triunfo decisivo. Ao regressar de suas misteriosas façanhas, ao completar sua aventura, o herói acumulou energias suficientes para ajudar a outorgar dádivas inesquecíveis a seus irmãos.

Vários foram os mestres dos heróis, mas o educador-modelo foi o pacífico Quiron, o mais justo dos centauros, na expressão de Homero. Muitos heróis passaram por suas mãos sábias, na célebre gruta em que residia no monte Pélion: Peleu, Aquiles, Jasão…  Quiron era antes do mais, um médico famoso, onde seu saber enciclopédico fazia do educador de Aquiles um mestre na arte das disputas atléticas e, talvez, praticasse e ensinasse ainda a arte divinatória.

O herói é, em princípio, uma idealização e para o homem grego talvez estampasse o protótipo imaginário da suma probidade, o valor superlativo da vida helênica.

É importante afirmar que os heróis eram física e espiritualmente, superiores aos homens. 

Sob esse enfoque, o herói surge aos nossos olhos, com alto, forte, destemido, triunfador.

Se o herói tem um nascimento difícil e complicado; se toda a sua existência terrena é um desfile de viagens, de arrojo, de lutas, de sofrimentos, de desajustes, de incontinência e de descomedimento, o último ato de seu drama a morte, se contitui no ápice de sua prova final: a morte do herói ou é traumática e violenta ou o surpreende em absoluta solidão. A morte do herói transforma-o num intermediário entre os homens e os deuses, num escudo poderoso que protege a pólis contra invasões inimigas, pestes, epidemias e todos os flagelos. Partícipa de uma imortalidade de cunho espiritual, garante a perenidade de seu nome, tornando-se um modelo exemplar para quantos se esforçam por superar a condições efêmera do mortal e sobreviver na memória dos homens.

Cosmogonia: A criação do Universo (por Hesíodo)

o Caos

o Caos

A cosmogonia grega, segundo Hesíodo, desenvolve-se, ciclicamente, de baixo para cima, das trevas para a luz.

Primeiro era o Caos (vazio primordial, vale profundo, espaço incomensurável), matéria eterna, informe, rudimentar, mas dotada de energia prolífica).

Depois surgiu a Terra (Gaia) – como eterna moradia para os deuses no Olimpo e no Tártaro (habitação profunda) e, simultaneamente, Eros (o Amor – a força do desejo).

Gaia (ou Géia) - a Terra

Gaia (ou Géia) - a Terra

Nyx - anoite

Hemera

Do Caos rebentam a Noite (Nyx) e Erebos (a escuridão profunda).

A Noite dá à luz, fecundada por Erebos, ao Dia (Hemera) e o Éter.

A Terra (Gaia) dá à luz ao Céu (Urano), Montes e Pontos (mares).

Figura11

Com ele, ela cria os Titãs (Oceano, Ceos, Crio, Hiperión, Jápeto e Cronos) e as Titãnidas (Téia, Réia, Mnemósina, Febe e Tétis); entretanto Urano não lhes permitia sair do seio da Terra.

ciclope

ciclope

Hecatônquiros

Hecatônquiros

Após os Titãs e Titânidas, Urano e Gaia geraram os Ciclopes (que tinham um só olho no meio da testa) e os Hecatônquiros (Monstros de cem braços e de  cinquenta cabeças).

Os deuses criam, um após o outro, 5 “raças de homens.

Mitologia

Com a palavra mitologia, designam-se dois conceitos: o conjunto de mitos e lendas que um povo imaginou e o estudo dos mesmos.

A palavra vem do grego mythos, que significa fábula.

O conceito de fábula não nos deve induzir a crer que o mito seja uma ficção caprichosa da imaginação.  Dentro da narrativa mítica esconde-se um aspecto, um núcleo, que encerra uma verdade.  A fábula, pelo contrário, refere-se a acontecimentos realmente imaginados e que não modificam a condição humana como tal.

O mito relata uma estória verdadeira, na medida que toca, profundamente, o homem – ser mortal, organizado em sociedade, obrigado a trabalhar para viver, submetido a acontecimentos e imprevistos que independem de sua vontade. Os primeiros mitos brotam, pois, da projeção imaginativa que o homem faz das máximas funções da vida: nascimento, amor e morte; maternidade e paternidade; virgindade.  E sintetizam tudo o que o homem, mediante a inteligência e o sentimento, conseguiu conquistar, em face de uma vida que não solicitou, de uma morte que o amedronta, de um amor que o domina e de uma doença cujos fenômenos o assombram ou o aniquilam.

Presentes em todas as culturas, os Mitos situam-se entre a Razão e a Fé, mas são considerados sagrados. Os principais tipos de mito referem-se à origem dos deuses, do mundo e ao fim das coisas. Distinguem-se mitos que contam o nascimento dos deuses (Teogonia), mitos que contam a criação do mundo (Cosmogonia), mitos que explicam o destino do homem após a morte e outros.

Os mitos encarnam fenômenos fundamentais da vida: o amor, a morte, o tempo.  E certos fenômenos, como as florestas, as tempestades, têm sempre um mesmo valor simbólico, seja qual for a civilização considerada.

Em muitas mitologias, delineiam-se hierarquias de deuses, cada uma com um ou mais deuses supremos. A supremacia pode ser partilhada pelos membros de um casal, ou ser atribuída simultaneamente a dois ou três deuses distintos.